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Resenha: “Rocket”, (SANDY) Alex G

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Mesmo dono de uma vasta discografia produzida de forma independente, Alexander Giannascoli só conseguiu despertar a atenção da imprensa e de uma parcela maior do público com o lançamento do elogiado DSU (2014), primeiro trabalho do artista em um selo de médio porte. De lá para cá, um novo (e extenso) catálogo de composições inéditas e até projetos assinados em parceira com diferentes artistas, o mais notório deles, Blonde (2016), segundo trabalho de estúdio de Frank Ocean.

Em Rocket (2017, Domino), mais recente lançamento de Giannascoli e primeiro trabalho sob o título de (SANDY) Alex G, o cantor e compositor norte-americano continua a se aventurar em estúdio na busca por diferentes sonoridades e temas instrumentais. Um verdadeiro mosaico criativo, ponto de partida para a composição versátil do trabalho. Pouco mais de 40 minutos em que o artista californiano testa os próprios limites, incorporando referências e brincando com as possibilidades.

Detalhista quando observado em proximidade ao antecessor Beach Music (2015), o trabalho de 14 faixas passeia por entre décadas e melodias nostálgicas de forma a transportar o ouvinte para diferentes cenários e sensações. Instantes em que a música produzida por Giannascoli mergulha no folk rock dos anos 1960, marca da acolhedora Proud, segunda faixa do disco, ou mesmo sobreposições caóticas que perturbam a serenidade do álbum, caso da experimental Horse.

A propositada fragmentação do disco em diferentes núcleos criativos em nenhum momento estimula a construção de uma obra confusa. Do momento em que tem início em Poison Root, faixa de abertura do disco, até alcançar a derradeira Guilty, Giannascoli sabe exatamente que tipo de sonoridade busca explorar. Salve exceções, como a já citada Horse, o trabalho mantém firme a leveza dos arranjos e versos, flutuando em meio a composições que parecem se completar.

Parte dessa forte aproximação entre as músicas vem da poesia intimista de Giannascoli. Protagonista da própria obra, o músico transforma elementos do cotidiano no principal componente para a produção dos versos. Canções marcadas pelo uso de metáforas (Sportstar), delírios poéticos (Witch) e personagens caricatos, conceito explorado com maior naturalidade em músicas como Alina e, principalmente, a melancólica Bobby, faixa inspirada em um amigo próximo do músico.

Por vezes próximo da obra de Sparklehorse, Elliott Smith e outros personagens da cena alternativa dos Estados Unidos, (SANDY) Alex G faz de Rocket uma obra que delicadamente escapa do próprio domínio autoral, dialogando com os sentimentos de qualquer ouvinte. Instantes em que Giannascoli se divide entre o aspecto particular dos versos e pequenas brechas criativas que se abrem para a chegada de colaboradores como Emily Yacina em Bobby e John Heywood em County.

 


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